terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Voltei!!!

Inacreditável, mas eu voltei!!!

Inacreditável, mas faz um ano e quatro meses que eu escrevi por aqui a última vez - tanta coisa aconteceu que parece que faz 20 anos.

A razão de eu voltar foi um envelope que eu recebi hoje da minha querida Georgette, a razão pra eu começar esse blog. O envelope tinha um exemplar das suas memórias, que começamos a digitar há quase dois anos atrás. Nooooooooooo, que felicidade!!! Acompanhando o envelope um cartão falando que há pouco ela comemorou seu aniversário de 90 anos!!! Cara, não são 90 dias, são 90 ANOS!!!! Sensacional.




Eu vou escrever aos poucos durante a semana. Tenham paciência... Hoje foi só pra dar o gostinho....

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

De Volta

Quase não consigo acreditar que a última publicação é de Maio!!

De lá pra cá TANTAS coisas aconteceram. Acho que vou falando aos poucos, em outras publicações, já que agora eu tenho tempo de sobra. Pois, acabou o mestrado [pontuação em suspenso porque "não sei se rio ou se choro". Por um lado nem dá pra acreditar que eu tenho tempo!! Que maravilha!! Eu posso fazer o que eu quiser!! Por outro, que vazio..... No início era estranho. Os dois primeiros dias depois de entregar a dissertação pareciam, sei lá.... uma bolha flutuando no espaço - não muito sólido, não muito real, sem muita direção, meio frágil.... mas passou]

Começo então publicando uma foto daquela que fez essa história toda aqui começar: dona Georgete. Final de Maio foi nosso último encontro. Digitamos 30 páginas das suas memórias - o que escrito em um caderno significa muuuuuito. Três meses e tantas coisas que aprendi. É engraçado como que a gente pode em pouco tempo aprender com as pessoas e com a vida em geral coisas que em anos não se aprenderia na escola formal. Outro dia eu estava sentada num banco de praça esperando uma amiga (aquela que sempre chega atrasada) e um mendigo se aproximou (aqui não se diz isso, aqui é SDF - sem domicílio fixo): "eu incomodo se eu me sentar aqui com você?", "não". Conversa vai, conversa vem, o cara me falou que era da Etiópia, "já ouviu falar?", "claro que já", "ah claro que já, o país mais pobre do mundo, ajuda humanitária e o escambau; sabe o que a África precisa?, de investimento sério, de educação (blá, blá), vocês vão lá e distribuem comida, pra que isso?; tem gente que passa a vida inteira comendo de graça, e depois?" O cara hiper inteligente me perguntou primeiro em que língua eu queria falar - até alemão ele fala, e fluentemente. Então eu fiquei curiosa pra saber se ele também falava árabe, e ele apontou outros amigos deles que estavam bebendo e brigando em outro banco próximo "eu não falo muito bem não, eles é que falam, aquele ali vem do Iraque, fala tudo, mas não sabe assinar o próprio nome, tudo o que a gente aprende é assim, na rua". Pois. Em poucos minutos o cara me falou coisas inimagináveis e super inteligentes, coisas inclusive que eu paguei uma fortuna pra ouvir dos professores intelectuais do meu instituto, que obviamente, muito diplomáticos nunca disseram.

Enfim. Aí vai então uma recordação da dona Georgete, meu maior aprendizado dos últimos meses.



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sobre Esses 2 Anos



Essa é antiga, mas o fato é que eu gostaria de ter tido 20 anos, ou quase, nos anos 60, no Brasil. Porque a imagem que é passada dos anos 60 é uma imagem de lutas, de movimentos por todos os lados, de movimentos musicais, literários, políticos, de personalidades se expressando, depois veio a dificuldade de expressão com a ditadura e tals. Eu me digo sempre que se eu tivesse tido 20 anos nos anos 60 com certeza eu ía radicalizar!!, eu ía protestar, fundar um partido político, sei lá!! Mas talvez, no frigir dos ovos (!!), as pessoas não se dessem conta ou percebessem realmente quanta coisa estava acontecendo. Talvez só o distanciamento histórico nos permita hoje reconhecer o que realmente estava acontecendo, as forças envolvidas, as pessoas da época. Imagina, eu me digo que se eu tivesse vivido naquela época eu ía fazer de tudo pra conhecer o Glauber Rocha, pra discutir com ele, pra ouvir as opiniões dele, pra me engajar no que fosse que ele estivesse fazendo. Mas talvez, vivendo naquela época eu nem ía saber da existência do Glauber ou então ía acha-lo um cara super esquisitão, como as pessoas achavam na época, ía julgar como a maioria, ía discriminar o seu trabalho, etc e tal.



Mas acontece que eu gosto MUITO de viver hoje!! Nesse "tempo presente". Eu adoro saber que estou escrevendo aqui e que em SEGUNDOS, minha família, do outro lado do Oceano Atlântico, vai receber o que eu escrevo. Imagina que na IIGM, há pouco mais de 60 anos (caramba!!), os casais trocavam cartas apaixonadas que demoravam MESES pra chegarem a seus destinos!! Agora eu ligo aqui o skype e falo com quem eu quiser, em qualquer lugar do MUNDO e de graça!! Eu adoro entrar na internet, pesquisar um assunto e ter uma lista de informações!! Melhor ainda, colocar um assunto no espaço "título" do site da biblioteca e dar de cara com uma LISTA de livros de todas as bibliotecas do país!! Eu adoro ver videozinhos no youtube, ver televisão e filmes pela internet, (porque não tem que pagar, porque aqui precisa de pagar pra TER a televisão na sua casa!!, que nem TER um telefone fixo em casa). Quando eu entrei na Universidade ainda tinha que procurar pelo título do livro numas fichas numas gavetinhas que ficavam na entrada. Você tinha que necessariamente saber o nome do autor. Aí eu fico de cara com as citações de livros dessa época - como é que se escrevia uma tese antes da internet, que "engavetou" as gavetinhas da biblioteca??

Também, se eu tivesse sido uma mulher de mais ou menos 20 anos nos anos 60, no Brasil, com certeza eu não teria experimentado metade das coisas que eu já vivi até hoje. Nessa época era ínfimo o número de mulheres nas Universidades do Brasil, e eu fico imaginando que as professoras que eu tenho hoje são mulheres extremamente fortes e que tiveram que lutar muito, e passar por cima de muitos tabus, pra ocuparem a posição que ocupam hoje. Reinventar a história literalmente. Professoras que eu tive na Universidade, com 20,30 anos de carreira, ou seja, que começaram a dar aulas nos anos 60/70, e que portanto começaram seus estudos universitários nos anos 50/60. Que incrível.


Pois hoje, não só a Universidade está mais acessível para as mulheres, no Brasil e no mundo, como ocupamos cada vez mais postos profissionais que antes eram restritos aos homens; de maneira geral, como habitantes do planeta terra (!!), temos mais facilidade pra viajar pelo mundo, temos a vida super facilitada pelas tecnologias, temos mais acesso ao ensino de línguas e com isso podemos nos comunicar mais, ler mais em outras línguas, alcançar de verdade outras culturas, entender, observar. Viver hoje é simplesmente sensacional!!

Então o primeiro ponto do balanço desses quase dois anos é que é um super privilégio, não só fazer uma pós graduação, mas fazer uma pós graduação fora do país, na área que escolhi: ter acesso ao ensino, ter acesso à possibilidade de viajar, ter acesso a tecnologias que facilitam a minha vida e estar num Instituto que é super reputado no Brasil na área de Relações Internacionais.



Então sobre o Instituto. O Instituto é uma parte (pequena) da Universidade de Genebra, altamente especializado em questões internacionais: política, direito, economia e agora desenvolvimento. Esse dado é fundamental. Qualquer departamento acadêmico está cheio das disputas entre egos, mas se a instituição é pequena e prestigiada, aí a disputa é feia!!.... O espaço é pequeno pra muito ego!!.... De qualquer forma, todo mundo acha que o mundo gira em torno do próprio umbigo.... aqui ou na China. O balanço portanto é que, assim como a cidade, tudo no Instituto acaba se tornando muito provinciano,

Sobre a cidade então. Genebra é dita o centro diplomático do mundo. Juntando o fato de que a Suíça é um país de posição neutra na política internacional, Genebra foi escolhida para abrigar a sede das principais organizações internacionais. Por alguma razão também, Genebra é o cento do comércio mundial - as maiores exportadoras e as maiores empresas de logística têm sede aqui. A Suíça que nem tem acesso ao mar, tem o maior número de contratos de transporte marítimo para o transporte de cargas.

 Assim sendo, a cidade tem tudo pra ser super cosmopolita. E por um lado é de fato, dado que os funcionários das organizações internacionais vêm de toda parte do mundo. No entanto, o funcionamento da cidade é como o de uma cidade do interior - encravada entre o sul da França e o norte da Itália, a cidade comemora
 
todos os anos uma derrota que eles impuseram aos savoiardes (franceses) na Idade Média!! As pessoas se caracterizam e saem às ruas. Tem procissão, tiro de canhão e tudo. E assim é. A partir daí eu comento que NA-DA abre no domingo, que qualquer serviço fecha às 7 da noite, que o transporte público deixa de funcionar de madrugada, que de fato a maioria das distâncias pode ser feita à pé.




Sobre a experiência geral. Estar longe do que te faz bem é sempre difícil. É fato que o ser humano é feito pra voar, embora não tenha asas!! E é o que acontece enquanto vamos crescendo: vamos voando... sobrevoando.... aterrissando.... observando.... decolando de novo.... Ficar longe de casa numa distância geográfica tão grande parece que piora tudo: a gente sente mais falta do clima, da comida, de falar a língua, da música, do sorriso espontâneo, de ter alguém conhecido por perto. Eu já tinha experimentado viver no Rio de Janeiro antes de vir parar aqui. Por um lado, a vida era muito pior no que diz respeito à infra-estrutura do cotidiano, mas por outro lado agora eu vejo que era um certo conforto saber que se eu tivesse alguma dificuldade, tinha pra onde correr; se eu tivesse algum problema, podia falar na minha língua que todo mundo ía entender; além de tudo, eu estava cercada de beleza por todos os lados. É certo que a beleza é resultado de uma apreciação estética e é muito subjetiva, encontrá-la depende de cada pessoa, mas é indiscutível que a beleza é fundamental para a sobrevivência do ser humano.  E aqui cabe não só a beleza estética, coisa que o Rio em algumas partes da cidade não deixa nada a desejar com a sua natureza de Mata Atlântica exuberante pra qualquer calango do cerrado, e com a sua gente tão bonita queimada de praia; como também cabe a beleza sentimental. A beleza de falar uma língua, de fazer um gesto, de cantar um música, e de ser absolutamente compreendido. A beleza de ter pessoas que compartilham da sua história. A beleza de ter pessoas dispostas a ajudarem, mesmo não te conhecendo.

Pois então que aqui faltam essas belezas. Sobre a beleza estética, existem uns lugares que são certamente exóticos e apreciáveis para um brasileiro: a arquitetura medieval, as montanhas permanentemente nevadas, os lagos gelados absolutamente cristalinos. Mas depois de um tempo, essa beleza se torna um pedaço do cotidiano, a paisagem da estrada. Faltam as pessoas, falta a compreensão, faltam os sorrisos, falta a generosidade.

Eu que vim pra cá sem saber absolutamente nada sobre a cidade, de olhos fechados pra estudar no Instituto dos sonhos, me decepcionei com o funcionamento da cidade e com a má vontade das pessoas - claro, cada um está competindo pelo seu disputado emprego internacional.... Senti o peso da distância. Senti falta de muita coisa e muita gente. Critiquei e critico o Instituto pelo caráter personalístico das considerações. Considerações não meritórias. Critico os dois, a cidade e o Instituto, pelo provincianismo fatal. No entanto, é incontestável que nesses dois anos eu aprendi mais que em todos os anos de Universidade!! Conteúdo substancial de política e direito internacional.  É inacreditável pensar no quanto eu aprendi, no quanto eu li, no quanto eu estudei de fato. Aprendi coisa importantíssima, que a gente se esforça pra fazer na Universidade, mas que não tem muito incentivo....: preparar tudo com antecedência. MUITA antecedência. Não ler na véspera. Não estudar na véspera. Não preparar apresentação na véspera. Não entregar trabalho na data limite. Entregar muito antes. De preferência, entregar um rascunho antes, discutir com o professor, fazer as correções, e aí sim entregar o final. Aprendi demais nesses dois anos.

Aprendi MUITO conteúdo. Aprendi sobre o difícil de viver em outro país. Aprendi regras básicas de competição e sobrevivência. E por esse lado, acho que dei uma endurecida: aprendi a desconfiar, desconfiar e desconfiar. É ruim viver assim e eu espero que seja realmente uma fase. No balanço geral, eu fico muito feliz de ter estudado num Instituto prestigiado, de estar vivendo nessa época de tanto poder para as mulheres (!!) e de tantos avanços tecnológicos (!!). Eu fico feliz de ter tanta facilidade pra viajar. E tudo indica que vem ainda muita viagem por aí. Então mesmo o duro aprendizado com as dificuldades, dificuldades da cidade, dificuldades dos encontros, são pontos a favor das viagens que vêm pela frente!! E que venham muitas!!

domingo, 15 de maio de 2011

Mestrado Acabando!!

Faltam 2 semanas!!

Momento propício pra fazer um balanço!! Coisas boas e ruins!!

Por falar em coisas ruins, eu andei lendo as publicações anteriores e tá muito engraçado!! Tem muita coisa negativa!! Êita!! Tá parecendo aquele cara ranzinza do "zorra total" que dizia "pergunta idiota, resposta idiota", "tolerância zero", sei lá!!

Bom, por partes então. Primeiro uma geral na semana e nesse sábado e depois uma tentativa de balanço desses 2 anos.

No balanço: semana improdutiva. Por nenhuma razão específica. Simplesmente.

Nesse sábado, digitando as memórias da minha querida Georgete, ela falava de uma época em que as coisas não vinham em pacotes nos supermercados, comprava-se por peso nas "vendas"; de uma época em que não tinha lavadora de roupas, mas ainda assim já havia um invento que esquentava a água e que as roupas podiam ficar de molho ali dentro por um tempo enquanto a água fervia; de uma época em que o pai usava uma impressora especial pra fazer a ata das reuniões de uma comissão que ele fazia parte, um tempo muito longe das nossas impressoras e mil outros aparelhos de informática. Na infância dela, as crianças levavam as sacolas de compras dos vizinhos pra ganhar um trocado (tipo 5 centavos!!) e poder comprar doces na banca!! Ela contou como quebrou uma garrafa de vinho e uma garrafa de leite levando do supermercado pra casa: a garrafa de vinho caiu no meio da rua, na frente de todo mundo, e em seguida caíram as suas lágrimas... A garrafa de leite caiu quando ela tropeçou num degrau subindo as escadas do apartamento: "ainda vejo o leite escorrendo, degrau por degrau...." "Foi um acidente", foi o que ela disse à época e foi o que ela me ditou agora. Engraçado, me fez lembrar na hora de quanta coisa eu quebrei sem querer enquanto era criança - e pra criança, na falta de um vocabulário mais elaborado, e sem querer contar muita história antes de apanhar de qualquer jeito, só resta dizer "foi sem querer". Mas na hora vira uma coisa tão grande.





Tudo isso, e mais a foto aí de cima, me lembra que o computador chegou lá em casa em 1995, com um incentivo do Colégio, e uma pequena pressão de minha parte!.... Naquela época o Colégio estava distribuindo uns CDs de instalação da internet. A internet era discada!! Era uma sensação!! Eu me lembro que uma vez meu pai levou pra casa uma revista de informática que era tipo umas "páginas amarelas" da internet: bastava olhar ali pra encontrar o endereço!! Imagina!! Se brincar ainda tem essa revista lá em casa!! Mas o fato é que, entre 1995 e o ano em que eu saí do Colégio, 2001, a internet não só deu um salto fenomenal como virou ferramenta es-sen-ci-al pra quem estuda. Fora que, além de não ser mais discada (!!), é um encurtador de distâncias sem precedentes entre as pessoas!! Mas juntando tudo isso com as histórias da Georgete, é muito bom sentir o progresso, viver o progresso!!


Pra fechar o balanço, essa semana aconteceu a festa de fim de ano do Instituto. Pra quem está no segundo ano do mestrado ou no último do doutorado, é quase uma festa de despedida. Para os outros é só mais uma festa.



domingo, 10 de abril de 2011

Memórias

Bom meus queridos, dois sábados seguidos sem escrever se justificam pelo fato de que eu já tinha desistido desse blog. E eu ía simplesmente deixar pra lá, deixar de escrever, abandonar. Mas aquela voz infeliz da consciência do compromisso assumido dizia “po Juliana, volta lá pelo menos pra dizer que não vai mais aparecer!!”, e a outra voz respondia “claro que não, senão não vai ser abandono, vai ser saída com aviso prévio!! Segundo o seu dicionário de 1992 (que você já até esqueceu o nome porque a capa sumiu....) abandonar significa ‘deixar; desamparar; desprezar; renunciar a.’” E a tal da outra voz respondia “mas você já tem experiências suficientes de pessoas simplesmente des-a-pa-re-cen-do da sua vida pra saber que não é legal!! Olha o va-zio que fica!!” Bom, eu não acho que deixar de escrever aqui vá deixar nenhum vazio na vida das pessoas. Nem na minha. Ao contrário. Eu achava que tirar um tempo no sábado pra escrever um pouco sobre a semana até ía ser um alívio e um momento de relax. Só que não tá sendo relax nenhum porque enquanto eu estou aqui escrevendo, minha mente fica me torturando dizendo que eu devia estar fazendo todas as outras coisas que tenho que fazer, que eu devia estar escrevendo a tese, estudando, limpando a casa, fazendo compras no supermercado, buscando livros na biliboteca, que eu devia tomar vergonha na cara, isso sim!! E de alívio só teve reclamações – alívio pra mim, não pra quem lê. Então..... por essas e outras, eu tô cortando todo o compromisso assumido em Janeiro. Menos compromisso, mais liberdade. Acho que no final do mês eu volto pra fazer um balanço – final do mês tem o feriado de Páscoa então meus tempos de ócio vão ser menos sofridos. Eu vou me dar esse direito.

Quero dizer que ontem à noite assisti outra vez ao show da fadista portuguesa Mariza (que na verdade é moçambicana de origem): Sen-sa-cio-nal!! Mais uma vez!! Já tinha assistido a um show em Brasília – calculando agora faz 4 anos – e a força é sensacional!! Incrível mesmo!! Aí vai um link: http://www.youtube.com/watch?v=OzrUs08-SWs

E agora uma mais conhecida: http://www.youtube.com/watch?v=0cKv6EHNOTk

Ano passado, quando foi primavera oficialmente por aqui ainda fazia um friozinho chato, agora tá um Sol!! Inacreditável!! E tá quente!! (Sim, existe Sol frio!!......) O verão promete!!

Ontem estive com a Georgete, digitando suas memória, e pensei como as nossas lembranças são bonitas e são SÓ nossas: ela tem várias passagens ilustradas com fotos em preto e branco coladas no seu caderninho. Ontem eu não lembro direito o que era, sei que ela me mostrou uma foto em preto e branco, dos anos 30!, com ela e os irmãos em frente a um banca de jornais, mas mal dava pra ver essa banca, e ela me dizia: “tá vendo, dá pra ver uma manchete de jornal aqui atrás” (!!). Hehe.

Outra coisa, é que é bonito ter lembranças. No final da vida a gente pode não lembrar de nada ou lembrar de muita coisa, e na maioria das vezes não é uma escolha. Mas é bonito poder lembrar, guardar, escrever, passar adiante. No nosso primeiro encontro eu perguntei “como é que se lembra de tanta coisa depois de tantos anos de vida?”, e a resposta: “pois é, eu não sei o que acontece comigo, tem gente que esquece tudo, eu me lembro”. Simples assim. E são lembranças bonitas, felizes – é fácil lembrar das dores, das dificuldades, mas eu penso que lembrar das coisas boas é um sinal mais que claro de ter vivido uma vida feliz, de estar satisfeito, de ter gostado do que viveu. Isso me recorda um professor que tive que contava histórias incríveis, cheias de detalhes, nomes de pessoas, datas, situações - eu ficava completamente abismada com essa capacidade, mas eu descobri que lembrar também é uma questão de treino. Aí já é outra história....


Pra terminar umas fotos do Sol batendo no teto da Universidade e da chegada da primavera no meu Instituto.






quinta-feira, 31 de março de 2011

Vídeo

Adendo rapidíssimo e urgente de um vídeo que eu acabo de receber e que me deixou de queixo caído!!! Absolutamente pertinente a observação de que o cara é do PP, partido PRO-GRES-SIS-TA!!!!! Na minha opinião, além de ser uma questão pra ser levada ao Conselho de Ética da Câmara (que ética????), deve ser levada ao Ministério Público por uma moção pública!!! Que ultraje!!!! Que Insulto!!!! Sérião!!!

http://maisband.band.com.br/Exibir/O-Povo-Quer-Saber-Jair-Bolsonaro/2c9f94b42efd8a9b012effbad1fe0197

domingo, 20 de março de 2011

Extra - Parte II + Desabafo

Poxa acabou que eu nem tive tempo de publicar ontem - então vou juntar tudo hoje. Eu estive pensando: po, esses desabafos são chatos pra quem lê, e tem que ser uma coisa na hora - o que eu vou colar aqui foi escrito na sexta-feira, quase uma vida atrás!! Tanta coisa já aconteceu entre aquele dia e hoje, que acabou perdendo a importância..... Mas acontece que se eu não publicar isso aqui, eu vou publicar o que??? O que que acontece de extraordinário numa vida cotidiana de estudo, trabalho, comida e dormida?? Mas é claro que os meus leitores não estão interessados em coisas extraordinárias, dado que o que eles querem é saber se eu estou bem e tals...... Bom, enquanto eu estiver reclamando significa que eu estou bem!!

Agora, uma explicação a pedidos: eu tenho usado sempre a palavra "publicação" e o verbo "publicar" no lugar de "postagem" e "postar", porque eu acho feio "postar"!! Quem posta é peixe!! Tá explicado a chatice.

Segunda coisa: tem dia que parece que TUDO se resolve. E é tudo mesmo, e de uma vez. Engraçado. Agora tem dia que parece que a vida empaca.... Sérião. Nessa semana tudo se resolveu. Cada dia uma coisa. Devagar e sempre. Agora, toda vez que eu começo uma frase com "tem dia", uma música do Chico Buarque vem imediatamente na minha cabeça - então aí vai pra vocês se deliciarem:

http://www.youtube.com/watch?v=ybSToMkgzCQ

Hoje rolou o concerto que eu fui ouvir das Nações Unidas - a orquestra é da ONU e o teatro foi aqui super perto (bom, o que não é perto por aqui??, mas foi num hotel chiquésimo - e carésimo - que tem aqui na rua da frente). Cara, muito mais bonito e tocante que muito concerto de músicos profissionais que eu já assisti na vida: a orquestra era de músicos amadores, funcionários das organizações internacionais por aqui - só o maestro e o solista eram músicos profissionais. Algumas fotos de hoje e depois desabafo de sexta.





Sexta-feira, 18 de Março



Meu, sérião, desbafo: tem pessoas que são tããããããão educadas, mas tem umas que sinceramente. Sérião. Há muito tempo que isso tá me incomodando, mas hoje foi a última gota. Sérião. O pior é que isso é com todo mundo, e serve pra mim também: quando a gente está sendo atendido por uma pessoa, a gente tende a achar que aquela pessoa tem a obrigação de te atender bem. Eu por exemplo acho que se a pessoa está te prestando um serviço, no mínimo ela tem que gostar de servir, sabe gostar?? Fazer porque ela gosta. Mas acontece que nem todo trabalho a gente faz porque gosta, assim sendo, uma pessoa que não gosta de servir, mas que está nesse ramo, se um dia ela estiver de saco cheio, vai descontar em cima do cliente e ponto final. E também todo mundo tem dias e dias. Então se voce é mal atendido pela mocinha do caixa no aeroporto, pode ser que ela esteja num mau dia e pode ser que ela não goste do que faz e que esteja ali só porque não tem outro jeito, pelo dinheiro e tals. Essa que é a questão de fazer uma coisa que a gente não gosta, de fazer só pelo dinheiro: vira uma grande bola de neve - a mocinha que não gosta do que faz, atende mal o cliente, o cliente fica P e desconta em outra pessoa e assim vai. Mas e se o cliente se colocar no lugar da mocinha?

Bom, agora falando como a mocinha, que não está fazendo o trabalho que pediu a Deus e que está num bom dia. E que mesmo não fazendo o trabalho que pediu a Deus, faz de tudo pra "fazer bem feito", porque afinal é uma super chance ter esse trabalho numa cidade cara como Genebra, e é preciso manter. E sabe, é bom servir, é bom dar uma informação e ver que a pessoa perdida abre um sorrisão por ter encontrado o caminho, é bom atender um telefonema e direcionar a pessoa pro lugar certo onde ela vai tirar sua dúvida, é bom quando as pessoas te agradecem na maior simpatia, serião, é bom servir. Eu acho que eu me daria super bem num hotel numa ilha paradisíaca (ou seja, onde só tem um hóspede por mês....). Mas sério, eu já tive outros trabalhos onde o essencial era servir as pessoas e..... é, pensando bem, varia: meu primeiro trabalho: como atendente em loja de roupa: o único problema era ter que mentir quando as clientes perguntavam "ficou bom??", po, uma baleia na metade de uma mini-saia - "claro, ficou ótimo!!", não vou eu querer acabar com a felicidade da mulher que estava se achando o máximo naquela metade de mini-saia, mas é claro, que eu vou usar da minha diplomacia pra tentar fazer com que ela experimente uma outra coisa menos ridícula "você já deu uma olhadinha nisso aqui??", essas coisas. Até hoje eu lembro da primeira venda que eu fiz e que eu tirei uma comissao e-nor-me!! Por sorte de verdade. E tem isso também, nesse caso bom atendimento muitas vezes tem a ver com comissão - no meu caso nem era, que eu já estava satisfeita com o salário, mas era realmente pra fazer as mulheres experimentarem uma roupa que no MEU gosto, ficasse um pouco melhor.... Mas por outro lado, quando eu trabalhava como guia de museu eu ADORAVA o que eu fazia, mesmo dar simples informações pras pessoas que procuravam uma galeira. Eu adorava guiar os grupos das escolas pelas galerias, eu adorava responder às perguntas e tudo mais. E num museu você tem que repetir a mesma informação um milhão de vezes, seja pra contar a história da obra, seja pra dar uma informação sobre onde fica o banheiro - mas isso não me incomodava, de verdade!! (eu que não gosto muito de repetir pros meus amigos as coisas que eu falo...). Sério, que trabalho bom!! Foi muito difícil sair de lá.

Bom, mas a questão é que, quem estuda por aqui acha que tem o rei na barriga (e na maioria das vezes tem mesmo), então eles chegam na recepção pra pedir uma informação, ou telefonam, e ai de você se não tiver a informação. Aliás essa é outra coisa: só porque você está na recepção, não só você tem que saber onde está todo mundo como você também tem que resolver todos os problemas que aparecem - cara, se falta PAPEL no banheiro masculino eu NÃO tenho nada a ver com isso!!! Só falta eles quererem também que eu dê aula quando um professor não vem!!! Mas a questão é que as pessoas já te pedem informação na maior arrogância, sabe?? Claramente di-mi-nu-in-do o seu trabalho. Mas o pior é quando eu cruzo com algumas pessoas na rua nesse OVO de cidade a es pessoas FINGEM que simplesmente NUNCA me viram na vida. KRL eu sou a única mulher de cabelo curto nessa cidade, nao tem como não saber!!!

E sabe, fazer trabalho que eu considero menor - poxa, porque estudar a vida inteira pra dobrar cartas realmente É um trabalho menor. Essa que é a coisa. As cartinhas com os salários, bolsas, comprovante de matrícula, descem dos recursos humanos e passam pela recepção antes de serem enviados aos correios. Então eu fico pensando que um colega meu, o cara que eu conheço, vai receber o salário dele de assistente pra só estudar na vida e nem sabe que sou eu que to dobrando a cartinha dele...... Se bem que se ele soubesse não ía fazer a menor diferença e ele ía receber o salário do mesmo jeito (e eu ía continuar dobrando a merda da carta). E o pior é que, eu chego na recepção uma hora da tarde e tem um maço de cartinha pra dobrar - aí eu me pergunto: o que que a outra recepcionista estava fazedo de 8 da manhã até agora que não dobrou uma sequer?? Po, uma coisa que eu faço em 15 minutos, POR QUE ela não fez até agora??? Isso é outra coisa, porque a pessoa que está há mais tempo ou que é mais velha que você acha que tem o direito de te passar tudo que é trabalho. E claro que eu passo 15 minuros xingando os maiores palavrões e pensando coisas horríveis, e o pior é que eu fico pensando que esse é o TRABALHO dela!! Ela é uma recepcionista pro-fis-sio-nal!! (mais um motivo pra ela não deixar as coisas pra eu fazer....), mas o que eu fico pensando é que ela vai fazer isso pra SEMPRE na vida. Putz.....

Então acontece que eu não vejo a hora de entregar meus pontos por aqui. Pela arrogância das pessoas, por pessoas que eu conheço simplesmente fingirem na rua que não me conhecem, por estar fazendo um serviço pro cara que estuda comigo e nem sabe que eu to fazendo isso pra ele, porque eu me levanto cedo toda sexta-feira perguntando "pra que eu faço isso??" e a resposta é "pelo dinheiro, claro, só por dinheiro pra eu levantar a essa hora depois de passar uma madrugada inteira estudando", sérião. E eu quero MUITO me levantar agradecendo por me levantar e não perguntando por que que eu estou me levantando.....

Não, eu não acho que vale fazer qualquer coisa por dinheiro, não, mas tem umas situações que são mais fortes que você, que se impõem a você. Não dá pra explicar. Quer dizer, no meu caso até que dá: ou eu pago as minhas contas por aqui ou eu sou expulsa pro Brasil e bye, bye mestrado..... Mas pensando nas milhares de pessoas que fazem seus trabalhos só pelo dinheiro (em geral pra pagarem suas contas) e tornam assim o mundo mais infeliz criando bolas e bolas de neve: imagina se elas não pagassem suas contas e vivessem por aí como hippies!! O mundo seria uma grande concetração de hippies acampados em cada esquina!! Mas como a maioria não ía ficar feliz com isso, as pessoas se enfiam no trabalho que aparecer (já que também a concorrência por trabalho em qualquer lugar do mundo é grandissima....).

Então, a boa noticia é que quando eu pedir minhas contas por aqui - o que já tem data pra acontecer - eu vou upassar um mês inteiro completamente de férias!!!! Uhhhuuuuuuu!!!! E nesse mês aí ninguem vai nem ouvir falar de mim!!!! Quando eu voltar, lá vou eu procurar trabalho de novo - mas aí já são outros quinhentos.... 


[Bom, agora a história da gota d'água: um garoto do Direito, que eu conheço e que faz aula comigo, chegou pra pedir uma informação e eu tive que telefonar pra uma pessoa - porque eu não encontrava nada no sistema - pra descobrir que o que ele estava procurando não existe mais, blá, blá - "mas acontece que uma amiga minha me falou.... onde é que fica a sala da fulana de tal??", e falou um nome grandão alemão com o maior sotaque alemão, que eu só pensei "êita!!", e repliquei com um "pardon??". Po, não é assim automático no cérebro, você tá falando em francês com uma pessoa e de repente ela joga o maior "palavrão" (!!) em alemão. Acontece então que por um milésimo de segundo eu não entendi quem ele tava procurando e também um milésimo de segundo depois caiu a ficha do nome da pessoa, e quando eu disse "ah!!", ele disse bruscamente "tá bom, deixa pra lá, deixa que eu procuro", virou as costas e foi embora!! Caracas!! Vi-rou-as-cos-tas-e-foi-em-bo-ra!!! Subiu um lance de escadas pra procurar no primeiro andar e voltou desolado porque não encontrou niguém e já ía ligando o computado quando eu, toda solícita e idiota, expliquei "fulana de tal trabalha no departamento tal fora daqui", e ainda expliquei como chegar!! Vê se pode??!! Agora escrevendo e pensando na história eu podia muito bem ter agido "ah é?? deixa que eu procuro?? então vai lá!! procura mermão!!" E ainda por cima, podia ter deixado ele ligar o computador pra passar pela raiva de descobrir que naquele prédio não tem sinal de internet sem fio. Pois é. Se ingenuidade e idiotice tivesse limite.........]

Agora uma musiquinha pra celebrar a "gota d'água":